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MERCADO PROMISSOR: Intérprete de Libras


Conversar com o chefe, receber atribuições ou participar de uma simples reunião. Tarefas que seriam simples para pessoas ouvintes podem se tornar um dilema na vida daquelas com deficiência auditiva. O Brasil tem mais de 6 milhões de surdos, dos quais 65,6 mil já estão formalmente inseridos no mercado de trabalho, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Com tamanha mão de obra disponível, surge também a necessidade de uma real inserção nas companhias. Com isso, a procura por intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) tem se tornado uma prática mais frequente dentro das organizações. São eles que fazem a conexão com chefes, repassam informações e possibilitam que uma tarefa natural como a comunicação também faça parte da vida de quem não pode ouvir.

O mercado promete contratações promissoras para tradutores em escolas, supermercados e grandes instituições. E a recente sanção da Lei nº 12.319/2010(1), que regulamenta o ofício, vem para reforçar essa realidade. Uma luta de anos e comemorada por todos os trabalhadores da área. “A norma reforça o que já vínhamos percebendo: há uma grande procura por profissionais que dominam a língua de sinais”, afirma o intérprete de Libras da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) Isaac Gomes Moraes.

Atualmente, a maior demanda pelo trabalho desses especialistas é em faculdades, cursos, palestras e para vídeos, sobretudo nesse período de eleições, quando é obrigatório que, nas propagandas eleitorais gratuitas, haja um profissional traduzindo o português para a Libras ou legendas para que os surdos entendam as propostas dos candidatos.

Em expansão...

Com a Lei dos Intérpretes, a previsão é estender as contratações para hospitais públicos, delegacias e serviços prestados à comunidade em geral. “Os surdos ainda são motivo de piadinhas em delegacias. Quando vão fazer uma ocorrência, além de já estarem fragilizados, ainda precisam passar pelo constrangimento de ouvir ‘olha o mudinho, não entendo o que ele fala’”, lamenta o presidente da Associação dos Profissionais Intérpretes de Libras do DF (Apil-DF), Alessandro de Assis Rocha.

Agora reconhecidos...

Foi publicada no Diário Oficial da União, em 2 de setembro último, a Lei nº 12.319/2010, que regulamenta a profissão de tradutor e intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Segundo o documento, o profissional poderá atuar no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades das instituições de ensino e das repartições públicas. Além de prestar serviços em depoimentos em juízo, em órgãos administrativos ou policiais, por exemplo. O tradutor ou intérprete deve ter a capacidade de mediar a comunicação entre surdos e ouvintes, surdos e surdos, surdos e surdos-cegos e surdos-cegos e ouvintes, seja da Libras para a língua oral ou vice-versa. Além disso, poderá interpretar a língua portuguesa em atividades didático-pedagógicas e culturais desenvolvidas nas instituições de ensino — nos níveis fundamental, médio e superior — como forma de viabilizar o acesso aos conteúdos curriculares.

De voluntariado a ofício

Para atender bem a população surda e para que haja uma contratação consciente é necessário uma qualificação reconhecida. Ainda recente no país, a formação para o curso superior de Libras tem apenas cinco anos e precisa avançar mais para crescer em proporção igual à que o mercado de trabalho exige.

Intérprete há 15 anos, Aline Mendes Abreu, 29 anos, conta que a profissão chegou em sua vida mais como voluntariado que como uma expectativa de remuneração. “Aprendi a língua de sinais na igreja para ajudar amigos a se comunicarem. Andava com os deficientes auditivos e eles me ensinaram o que sei”, conta. Mas, com a conscientização da necessidade de incluir o surdo e de colocá-lo em contato com os ouvintes, Aline foi galgando seu espaço como profissional.

O primeiro emprego foi como tradutora em uma escola, na aula de matemática. “Imagina a minha dificuldade. Mas era gratificante saber que estava repassando todo aquele conteúdo para as pessoas”, analisa a intérprete. Com o avanço e com todas as lutas no decorrer desses anos, hoje, ela conseguiu chegar aonde queria: trabalha na agência de atendimento aos surdos do GDF e os auxilia no cotidiano. “Eles entram em contato comigo e eu vou ajudá-los. Seja para marcar uma consulta, ir ao médico, à delegacia”, relata.

Aline foi reconhecida no meio profissional ao ter adquirido, por meio de um exame de proficiência, o registro para trabalhar com esse público. Porém, Alessandro Rocha, da Apil-DF, alerta que faltam especialistas até para esse tipo de avaliação. Muitos antigos na área aprenderam na prática e se aperfeiçoaram em cursos como o do Senac de 120 horas. Hoje, a Universidade de Brasília (UnB) tem a graduação de Letras Libras a distância e outras instituições de ensino superior oferecem aulas dentro de outros cursos de graduação.

Se um “medidor” de conhecimentos dificulta as contratações, a lei que regulamenta a profissão de intérprete determina que, até 22 de dezembro de 2015, a União, diretamente ou por intermédio de empresas credenciadas, comece a promover o exame nacional de capacidade em tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais. O exame de proficiência deverá ser feito por uma banca examinadora constituída por docentes surdos, linguistas, tradutores e intérpretes de Libras, todos de instituições de educação superior.



Manoela Alcântara - Correio Braziliense 13/09/2010 14:19
Extraído de: http://noticias.admite-se.com.br/empregos/template_interna_noticias,id_noticias=40904&id_sessoes=301/template_interna_noticias.shtml (Acesso em 14 out 2010).


CURSOS E OUTRAS INFORMAÇÕES:

- www.libras.org.br
- www.portaleducacao.com.br
- www.feneis.com.br
- www.institutobruno.org.br
- Igreja Batista da Lagoinha: 31 3270-8620/ 3272-2206 email: ephatasurdos@hotmail.com; claudio.boaventura@lagoinha.com
- www.unb.br

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