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OLHEM SÓ A NOVA GERAÇÃO DE CURSOS DE GRADUAÇÃO

 

Tecnologia de eventos, cenografia e figurino, gestão hospitalar, maquiagem profissional ou tecnologia da sustentabilidade. Esqueça as antigas carreiras, com mais profissionais diplomados do que vagas de trabalho. A nova geração de cursos de graduação e pós vem sendo criada exatamente para atender às demandas do mercado, que não encontrava gente qualificada para contratar. Em sua maioria, são carreiras de vanguarda, criadas com foco no pragmatismo e na garantia de emprego.

Um desses novos cursos se propõe a formar produtores de eventos. Aos 20 anos, recém-saída de um colegial técnico, Marília Gama ingressou no início deste ano na primeira turma de tecnologia de eventos do Senac. A graduação dura dois anos e está com inscrições abertas para sua segunda turma, com início das aulas em fevereiro (leia mais sobre esse e outros cursos abaixo). De segunda a sábado, no período noturno, Marília tem aulas sobre negociação de preços com fornecedores, técnicas de organização e logística, gestão de alimentos e bebidas, entre outras. “Em cerimonial e protocolo, por exemplo, preciso saber em qual lugar senta cada convidado, onde fica o pavilhão nacional, além de regras de etiqueta, como a disposição das taças e dos talheres”, diz a estudante, que também está aprendendo a ter jogo de cintura para lidar com imprevistos.

Antes de ganhar o status de graduação, o curso era dado como uma das disciplinas de hotelaria ou em oficinas livres, com curta duração. O anúncio do Brasil como sede da Copa do Mundo e das Olimpíadas fez com que o interesse pelo profissional de eventos explodisse. Atendendo à expectativa do mercado, a faculdade moldou uma formação mais encorpada e específica. “A maioria das pessoas que trabalhavam na área era gente sem muita qualificação que não planejava fazer carreira e, portanto, não se comprometia com o desenvolvimento”, afirma Ana Marta Borges, coordenadora do curso. Apesar da demanda, Marília não pretende atuar no meio esportivo. Ela quer produzir eventos culturais, artísticos ou que promovam o bem-estar social. Numa cidade que, segundo o São Paulo Convention & Visitors ­Bureau, realiza um evento a cada seis minutos, trabalho não deve faltar.

Aos alunos atraídos pelos novos cursos, conta pontos o potencial de geração de empregos das novas carreiras. “Olhar a real demanda do mercado e as perspectivas de futuro é fundamental antes de prestar vestibular”, diz o consultor Constantino Cavalheiro, da Catho Educação. Foi de olho nas carências de seu campo de atuação que Maria Cristina Amaral, mestra pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e professora de design de moda, criou a pós-graduação em cenografia e figurino no Centro Universitário Belas Artes. Para ela, hoje os profissionais da área não têm conhecimento técnico aprofundado e, por isso, trabalham por intuição. “Os grandes musicais que vêm a São Paulo, por exemplo, trazem tudo dos Estados Unidos”, diz Maria Cristina. “Nada é confeccionado aqui, porque o rigor é enorme. Queremos formar profissionais à altura.” A grade curricular do curso pioneiro inclui disciplinas como sonorização, iluminação, história da arte e composição de figurinos. No início do ano, a primeira turma reuniu arquitetos, artistas plásticos, designers de interiores, entre outros profissionais.

“Minha mãe e minha avó eram costureiras e, já naquela época, eu adorava pegar retalhos para fazer roupinhas de boneca”, diz Kátia Gomes, de 36 anos, uma das alunas. Formada em jornalismo e em artes dramáticas, é no ateliê de modelagem que ela resgata a infância e sonha trabalhar vestindo personagens de teatro. Por enquanto, Kátia pratica confeccionando figurinos para amigos que estão produzindo uma série de televisão. Além dos espetáculos culturais – em cartaz em São Paulo como em nenhuma outra cidade do país –, é possível trabalhar para cinema, eventos, publicidade e marketing. Por enquanto, cenografia e figurino é iniciativa exclusiva da Belas Artes, mas alguém duvida que a concorrência vai correr atrás? Foi o que aconteceu com design de games e cosmetologia (ou produção de cosméticos). Oferecidas apenas como extensão ou pós-graduação até 2005, de lá para cá, essas disciplinas evoluíram e ganharam o status de graduação em pelo menos quatro universidades paulistanas. Isso graças aos aquecidos mercados de beleza e entretenimento on-line, que crescem a cada ano.

Outro curso em alta por aqui é o de gestão hospitalar. Como graduação ou pós, a carreira é ensinada nas faculdades Unip, São Camilo, FMU e Oswaldo Cruz, entre outras. Na Fundação Getúlio Vargas, o MBA Executivo com ênfase na gestão de clínicas e hospitais foi criado para atender às necessidades dessas instituições, num momento em que muitas se profissionalizam como empresas. Para gerir escassos recursos e buscar lucro, um médico sem experiência administrativa dificilmente será o melhor diretor de hospital.

“Na faculdade de medicina, somos treinados para atender a uma parada cardíaca, mas ninguém ensina a lidar com convênios ou gerenciar conflitos”, diz a cardiologista Elisângela Ribeiro, aluna da pós-graduação da FGV e coordenadora de um pronto-socorro na Lapa com 20 mil atendimentos por mês. Quando assumiu o cargo, pediram que ela fizesse um planejamento estratégico do setor para o ano seguinte. Ela não sabia por onde começar. Desde abril, passa os sábados, em período integral, nas aulas da pós. Agora, a médica pretende alcançar o posto de diretora de um hospital ou ter um cargo executivo em uma operadora de plano de saúde. Com o desejo de iniciar uma carreira promissora, recolocar-se ou aumentar a qualificação, Marília, Kátia e Elisângela enxergaram lacunas preciosas no mercado. Logo, estarão prontas para preenchê-las.



Tecnologia em eventos
A graduação de dois anos, criada neste ano, tem disciplinas como negociação de preços com fornecedores, técnicas de organização, cerimonial e protocolo. O produtor pode atuar com eventos sociais, educacionais, religiosos, esportivos e científicos. Onde: Senac e Universidade Anhembi Morumbi

Cenografia e figurinos
Na pós-graduação criada em 2011, os alunos têm aula de sonorização, iluminação, tecnologia cênica, história da arte, composição de figurinos, etc. Dá para trabalhar com espetáculos culturais, cinema, TV, publicidade e marketing. Onde: Belas Artes

Gestão hospitalar
O curso prepara profissionais de saúde para cargos de liderança em hospitais, laboratórios, clínicas e seguradoras. Ensina como gerenciar recursos e fazer planejamento estratégico para atingir metas de forma eficaz. Onde: São Camilo (graduação) e Fundação Getúlio Vargas (pós)

Tecnologia em maquiagem profissional Em dois anos, aprendem-se truques de maquiagem para cinema e televisão (de aplicação de bigodes à caracterização de machucados), bodypainting (pinturas corporais artísticas), aerografia (com jatos de tinta), etc. Há uma turma formada. Onde: Universidade Anhembi Morumbi

Gestão de Qualidade
O papel desse profissional é fiscalizar o cumprimento de normas para manter a qualidade dos serviços e dos produtos. Atua principalmente em indústrias (automobilística, petroquímica, alimentícia, entre outras). Onde: Universidade Metodista e Complexo Universitário FMU

Educomunicação
A graduação integra os cursos de pedagogia e comunicação e artes. Propõe o uso de recursos tecnológicos para a aprendizagem: rádio virtual, videogames, podcasts, blogs, fotografia, projetos de entrevistas, etc. Primeira turma em 2011. Onde: USP

Ciência e tecnologia da sustentabilidade
Criada em 2010, esta pós-graduação tem foco nos profissionais de ciências preocupados com o desenvolvimento sustentável do país e com a responsabilidade socioambiental de empresas. Podem trabalhar em órgãos reguladores e certificadores. Onde: Unifesp



Fonte: Vida Urbana, Por  Nathallia Ziemkiewicz em 31/10/2011, Época São Paulo: http://epocasaopaulo.globo.com/vida-urbana/cenografia-maquiagem-conheca-a-nova-geracao-de-cursos-de-graduacao/, 30/10/20141. Extraído de: http://www.nace.com.br/clipping.asp?id_pub=5944&sec=.  Acesso em: 15 dez 2011.

SUPERLOTAÇÃO NO CURSO 'ADMINISTRAÇÃO'


Dados do Censo da Educação Superior de 2010, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que o curso de Administração é o que tem maior número de estudantes no pPaís: 705.690. Na lista das graduações mais populares, aparecem, na sequência, Direito (694 mil), Pedagogia (297 mil), Enfermagem (244,5 mil) e Ciências Contábeis (244,2 mil). Os números referem-se apenas às matrículas dos cursos presenciais, que totalizam 3,1 milhões de estudantes. Para o secretário de Educação Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, não é positivo que haja concentração da formação em áreas específicas. "Isso não é bom para o desenvolvimento do País, nem vantajoso do ponto de vista social e econômico. Temos que continuar trabalhando por meio de mecanismos de oferta que incentivem a criação de novos cursos e permitam ao aluno ter melhor visualização das vagas disponíveis", explica o secretário. Ele cita como exemplo o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ferramenta criada pelo MEC em 2009, que reúne vagas oferecidas por diferentes instituições públicas de ensino superior e permite ao aluno pleitear uma delas utilizando a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Em 2010, foram oferecidos 3,1 milhões de vagas pelas instituições públicas e privadas em cursos presenciais e o dobro de estudantes se inscreveu nos processos seletivos em busca de uma delas. Entre os cursos com maior procura, o campeão foi direito: 632 mil candidatos para disputar uma das 218 mil vagas ofertadas. Em segundo lugar vem administração, com 617 mil inscritos, seguido por medicina, com 542 mil, pedagogia, com 268 mil, e enfermagem, com 257 mil. Segundo Costa, houve um incremento de 45% no número de alunos que ingressaram nos cursos de Engenharia ¿ área considerada estratégica pelo governo e que sofre com a falta de mão de obra qualificada. "Pode não haver vaga no mercado de trabalho para tanto administrador que está se formando e, ao mesmo tempo, o Brasil precisa de outras carreiras", pondera o secretário.



Fonte: Terra Educação, 10/11/2011. Extraído de: http://www.nace.com.br/clipping.asp?id_pub=6006&sec=. Acesso em 15 dez 2011.

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