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Escolha Profissional, o que manda? o dinheiro ou o sentimento?


Por Leonardo Cazes - Agência O Globo
O vestibular é uma época complicada para todos os estudantes, mas a pressão é ainda maior sobre os ombros de quem não escolheu uma carreira e precisa correr contra o tempo. As escolas têm papel fundamental nesse processo de decisão e, por conta disso, vários colégios promovem eventos de orientação profissional. Esse auxílio pedagógico ajuda o aluno a lidar com um questionamento frequente: ao eleger uma carreira, deve-se priorizar a estabilidade financeira ou a vocação? Vale mais correr atrás do sonho ou pensar na saúde da sua conta bancária?

Essa é a angústia de Lucas dos Anjos, de 16 anos, aluno do 3 ano do Colégio Marista São José, na Tijuca. Ele gosta de tantas coisas que não consegue escolher.

- Eu me dou bem em todas as matérias, menos Português e Literatura. Estou totalmente indeciso. Já pensei em Relações Internacionais, Veterinária e Engenharia. Tento conciliar as minhas aptidões e o salário. Só sei que não vou escolher uma profissão em que não tenha oportunidade de crescer - garante ele.

A escola pode ajudar neste momento. Este mês, o Colégio Marista levou seus alunos ao evento "PUC por um dia", no campus da universidade na Gávea. Dia 8 de maio, o destino é a Fundação Getulio Vargas (FGV). E, ao longo do ano letivo, a instituição abriga palestras de profissionais de diferentes áreas. Já a Escola Dínamis, em Botafogo, promove, em maio, uma feira de orientação profissional, para receber profissionais de mercado. Segundo o coordenador da Dínamis, Raphael Barreto, o papel do professor é transmitir calma, informar e ajudar os alunos a pesar prós e contras.

- O importante é tentar equilibrar elementos da profissão dos sonhos com o mercado de trabalho. Quem escolhe a carreira por amor à profissão vai se sair muito melhor no mercado. Alguém que se decide pensando só no retorno financeiro pode não se sobressair e acabar se frustrando - opina Barreto. - O dever da escola é instruir o aluno a adequar sua vocação ao mercado de trabalho.

Os prognósticos de hoje são otimistas. Pesquisa recente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) indica que todos os setores devem crescer até 2020. Ou seja, a maioria das empresas de diferentes áreas planeja contratar funcionários. Com o objetivo de abrir os olhos dos alunos do Rio para essas oportunidades futuras, a Secretaria estadual de Educação lançou o programa "Enter Jovem Plus". Trata-se de um projeto pedagógico de introdução ao mercado de trabalho, em parceria com o Instituto Empreender.

- Além de ser uma experiência inicial, eles também aprendem sobre a postura no ambiente de trabalho. Durante o programa, os alunos visitam empresas, museus e outras instituições. É uma forma de expandir os seus horizontes profissionais nessa fase em que os estudantes estão decidindo seu futuro - explica a coordenadora de ensino médio da secretaria, Patrícia Alexandre Menezes Oliveira.

Dez entre dez especialistas dizem que a melhor forma de orientar um aluno é mostrar a ele uma forma de desbravar o mercado escorado em suas aptidões. Foi seguindo conselhos desse tipo que Sthephanie de Souza, de 18 anos, aluna do Colégio Estadual Jornalista Tim Lopes, no Complexo do Alemão, decidiu cursar Biologia, mesmo sem contar com o entusiasmo dos pais.

- O meu pai é advogado e queria que eu fizesse Direito também. Seria meio caminho andado, mas é muito chato. Não dá para ficar cinco anos fazendo uma coisa de que você não gosta - afirma.

Quando Letícia Santos, de 20 anos, prestou vestibular pela primeira vez, optou por Engenharia Química, pensando apenas no retorno financeiro. Mas, depois, mudou de ideia radicalmente e, hoje, estuda História na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

- Estou começando na carreira com que sempre sonhei, e vejo que o cenário não é tão desolador quanto me falavam sobre a área de humanas. Não vou morrer de fome - brinca a aluna.

Segundo a professora Sandra Barros, coordenadora do Serviço de Orientação Educacional do Colégio de Aplicação da UFRJ (Cap-UFRJ), é importante trabalhar a vocação profissional já no 1 ano do ensino médio para que isso não atrapalhe o bom andamento dos estudos para o vestibular e o Enem.

- O estudante indeciso muitas vezes sofre pressão da família para escolher o que vai cursar, e isso é ruim. Ainda mais nessa fase em que ele está pressionado pelas provas e pelo Enem. Por isso, devemos começar bem cedo a auxiliar a escolha da carreira. Mas é lógico que nem todos chegam ao último ano certos do que querem. Nesses casos, torna-se fundamental levar o estudante a universidades e trazer profissionais para palestrar dentro da escola - explica.

Carolina Torres, de 17 anos, aluna do Marista São José, estava em dúvida entre Direito e Letras. Ela se definiu por conta do mercado de trabalho:

- A faculdade de Direito abre um campo mais amplo. De qualquer maneira, acho que a gente é muito novo para decidir o que vai fazer pelo resto da vida.


Extraído de: http://www.nace.com.br/clipping.asp?id_pub=6370&sec=14. Acesso em 10 mai 2012
Autor: Leonardo Cazes - Agência O Globo. Título original: "Entre a conta e o coração, jovens fazem escolhas de trabalho."

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